Acho que
segunda ou terça acordei com o pé esquerdo e o dia foi uma merda. Dai disse pra
uma amiga que a semana tava uma merda. Acho que foi aí que eu errei. Nunca diga
no começo da semana que ela tá uma merda, porque ela vai dar um jeito de ficar
bem merda, daquelas que você diz “porran, que semana merda”. Pois bem. Segunda
tive atividades matutinas normais, e quando pensei em almoçar, “quedi meus
cartões?”. Sem cartões, se dinheiro e a previsão de 40 horas no hospital. Já
tinha aceitado o fato de eu ia fazer dieta forçada quando a médica do PSF me
liga avisando que não ia pro posto. Apostei em ir pra casa mesmo com a greve
dos motoristas de ônibus (um plus na minha vida), almocei, catei os cartões e
voltei pro plantão. A sala de parto tava memorável como sempre. Peguei o
segundo horário e como dormir é pros fracos, dormi de 1 às 2 e das 4 e meia às 6
e meia. Ao menos era o esperado. Não consegui sair da cama às 2 e acordei com
Gabi me dizendo “é teu horário, desce” e acordei as 7 e 50 com alguém dizendo “desculpa,
achei que não tivesse ninguém aqui a essa hora”. Joinha. Sai correndo pra
assinar a ata e ir pro ambulatório. Alguns exames colposcópicos depois, fui pra
biblioteca estudar pra tutoria, que por sinal consegue ser um dos piores
momentos do rodízio. Um tutor que não escuta o que a gente fala e foca no que é
desnecessário. Resultado, uma tutoria longa e maçante que acabou 17 e meia.
Fico sabendo que o trânsito tá infernal nas redondezas e como eu tava muito
cansada pra me aventurar ficar duas horas num ônibus lotado, resolvi esperar
uma hora e tirei um cochilo revigorante. Cheguei em casa às 8 e tantas, tomei
banho e dormi. Na quarta, atividades normais e mais uma vez, sem PSF. Peguei os
carimbos com a enfermeira e fui pra casa. Quinta me despedi das “férias” no
ambulatório e sexta comecei de vez na Ginecologia. Uma das minhas pacientes não
tem mais possibilidade terapêutica (minha preceptora disse que paciente
terminal é muito feio) e é muito triste. Ela não responde mais a estímulos e tá
em cuidados paliativos. À tarde, tive permanência e pra começar, tinha que
entrar numa cirurgia pra nada. O cirurgião, um residente de cirurgia oncológica
e duas residentes de GO. Resultado, fiz nada, nem olhar de perto, porque não
cabia. Passei mais de cinco horas em pé fazendo nada, a não ser pensar. Quinta
à noite, fui informada que preciso procurar um novo lugar pra morar, porque as
meninas que eu divido apartamento não querem renovar o aluguel e preferem morar
sozinhas. Tenho até dia 22 pra fazer a mudança. Minha mãe disse pra eu não me
preocupar que vai dar tudo certo. Preciso acreditar nisso anyway.
Mas a
semana não de toda uma merda. Entrei pra instrumentar numa cirurgia pela
primeira vez na segunda. Foi meio desesperador ser requisitada sobre
instrumentos que eu não sabia o nome e sobre fios de sutura. Mas gostei da
tensão. Haha E pude dar meus primeiros pontos sem ser num braço de esponja das
aulas de procedimentos. Terminei meu artigo do TCC, o que é meio caminho andado
pros passos finais da graduação. Entrei pela primeira vez numa cirurgia de
médio porte. Tá, não entrei no campo mas mesmo ficando na ponta dos pés e me
metendo entre os residentes, consegui ver como as coisas realmente funcionam
numa cirurgia. Depois de o trabalho quase todo feito, o médico me chamou pra
perto pra me mostrar as estruturas dissecadas e foi como dar doce pra uma criança.
As cinco horas em pé valeram a pena. E sinto que esse mês vai ser sensacional.
:)
No fim das
contas, nada é de tudo ruim nem de tudo bom. Altos e baixos fazem parte da
vida. Preciso só parar de engrandecer as ruins e passar a valorizar mais as
boas. Sim, preciso encontrar um novo apto em 19 dias, mas quer saber, nunca
tive medo de mudanças, então, simbora pra mais essa.
It's hard to dance with a devil on your back, so shake it out!
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