segunda-feira, 8 de julho de 2013

Desabafo

Tem-se seguidos muitos dias nesse último mês em que sinto que tudo o que eu fiz e por tudo o que eu lutei toda a minha vida não faz sentido algum. Falo de um sonho, construído e realizado pedacinho por pedacinho ao longo de quase 20 anos.
Tudo começou quando, aos 6 anos de idade, eu fui diagnosticada com PTI - Púrpura Trombocitopênica Imune, devido a uma reação alérgica a aspirina que destruiu minhas plaquetas e me fez sangrar pela boca, nariz e ouvido, e ter manchas roxas espalhadas pelo corpo. Com o diagnóstico dado, iniciei um tratamento à base de corticóide e tive milhares de recomendações, para que outra doença autoimune, como o lúpus, não me atinguisse. Foram meses entre idas e vindas ao hospital, exames, introdução e desmame de remédio e alta hospitalar. Nessa época eu decidi que não seguiria os passos da minha mãe e viraria professora, mas que iria ser médica. E que iria ser a melhor médica que eu pudesse ser.
Estudar sempre foi algo que eu gostei de fazer. Medicina era prioridade. Fui boa aluna, sempre entre os melhores da sala, sabia que tinha que ser excelente para conseguir o que eu queria. Porque, convenhamos, morando em uma cidade pequena de 50 mil habitantes no interior do Piauí, eu precisava me destacar.
Ao final do terceiro ano prestei vestibulares em três federais para medicina: UFPI, UFPE e UFMA. O que eu passaria, o vestibular foi cancelado por fraude. Seis meses depois, tentando o prouni, por um candidato eu fiquei de fora de Medicina e fui aprovada em Biomedicina. Decidi cursar, mas o desejo pela aprovação me fez tentar por 3 anos seguidos. E quando eu achei que a medicina não estava no meu destino, Deus me concedeu a graça e em 2009 eu iniciei efetivamente a minha caminhada para a carreira médica.
Morar fora de casa, sem o conforto dos pais, fazendo sacrifícios para economizar pra um livro (ou para a versão xerocada deste) eu vim levando meus quase 4 anos de curso. Conforme frizado, a vida nunca me deu nada de mão beijada, mas eu sempre batalhei pelo que queria. E atualmente, dei uma pausa da medicina para fazer um intercâmbio de 1 ano no Canadá. Eis que aqui, longe da minha pátria, eu vejo como o médico tem sido desrepeitado vergonhosamente pelo governo federal. Pôr a culpa da situação falida da saúde em que se encontra nos profissionais de saúde ao tentar resolver o problema do sistema público de saúde trazendo mais médicos, extendendo um curso massante por mais dois anos, sendo estes mandatórios em algum lugar com a belíssima infra-estrutura do SUS, sem o direito de escolha do estudante de Medicina.
Pior que isso, é perceber que amigos próximos e íntimos tem uma imagem ruim da sua classe e fazem uma generaliação que te envolve como sendo um grupo coorporativista e que só pensa em interesses próprios e tá se lixando pra população. Sim, amigos. Eu não escolhi medicina pra isso. Eu não dediquei uma vida inteira de estudos, noites sem dormir e abrindo mão de ~diversões~ e ~prazeres~ pra ser chamada de playbozinho mimado que não quer ir trabalhar no interior e quer ficar rico às custas dos outros. Eu mereço ser recompensada por todo o esforço que eu faço pra poder salvar vidas. E ter condições de trabalho é o mínimo que podem me oferecer.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Pré-birthday week, digo, Semana pré-aniversário

Reza a lenda que pouco antes do aniversário existe um período denominado "inferno astral". Pois bem, o que quer que seja isso, acho bom passar.
Não sei se a crise maior é por estar fazendo 25 anos, por estar em outro país longe de quem sempre foi meu suporte, por meus amigos daqui não estarem available disponíveis na data que eu queria fazer minha festa de aniversário, por meu namorado não estar available disponível quando os meus amigos estão, ou se é só mesmo o Sol passando na casa 10 e a Lua na casa 8 (seja lá o que isso queira dizer). Só sei que eu tô estranha e a vida não tá fácil.
Mas aí quando eu percebo que estou cercada das melhores pessoas do mundo e que nem tudo está perdido. Abraços calorosos, presenças amigas e uma série de sms capazes de tranquilizar meu coração e me fazer acreditar que isso tudo é passageiro e que tudo vai ficar bem.

"A- Do I need more shoes?
E - Lol ha ha You do, I believe."

"E - Well, you're smart cookie and gonna be a great doctor.
A - Thanks. I hope so.
E - Yep. I know it."

"E - Well, it's almost your birthday, so I gotta make sure you're awesome."

Porque ele sabe que nada mais me faz feliz que comprar sapatos. Aparentemente meu príncipe encantado estava perdido em terras gélidas canadenses. By the way Falando nisso, tivemos um Valentine's Day, e agora temos um dia dos namorados. =)


E as coisas lindas são mais lindas quando você está.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Capes e eu (III)

Não consigo não postar sobre isso no "dia da volta". A novela Capes acabou e não acabou. Fui realocada pros Estados Unidos, mas acabei nem indo. Em compensação, me inscrevi em outro edital do Ciências sem Fronteiras, dessa vez pelo CNPq e pro Canadá. Começava outra novela. Depois de muitos e-mails, atrasos no edital, aceite da universidade, burocracia pro visto e vôo perdido, eu desembarquei em terras Canadenses, mais precisamente em terras Winnipegeanas, para a aventura mais louca da minha vida no dia 5 de setembro de 2012.
De lá pra cá, muita coisa aconteceu, conheci muita gente que faz a minha vida cada dia mais perfeita. Minha roommate, meus vizinhos de residência, meus companheiros de programa e, especialmente, meu namorado. Poutz, acho que essa é a primeira vez que eu falo pra alguém que ele é meu namorado. Mas enfim, depois de 6 meses, de conhecer a rotina, as manias e as peculiaridades, acho que já estava na hora. Mas calma, isso é conversa pra muito tempo. Com o tempo eu vou contando.

Ps: Editei esse post 1 2 3 4 vezes. Cada vez que eu relia achava um erro diferente. Tá com a peste que eu não sei mais escrever em português? ahushuahs

University of Manitoba, Winnipeg, MB, Canada


Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar num sonho que se tem.
Ou que seus planos nunca vão dar certo.
Ou que você nunca vai ser alguém.

Olha quem voltei?

Hoje recebi uma mensagem no facebook que me fez abrir o blog.

"Neguinha tu já considerou a hipótese de escrever um livro? Tipo, EU compraria. Estava aqui super down, e pra ficar mais ainda, precisei recorrer ao teu post no blog e ler mais uma vez a célebre frase: "essa é última cerveja que eu bebo por causa de você. A última". Um brinde a tudo o que vem pela frente. E que o passado fique no passado."

Como não ser tocada por palavas como essa? Percebi que há muito tempo eu não vinha aqui e que muito mais tempo eu não escrevia.
Já disse mil vezes que escrever é uma coisa que me faz bem e é minha vávula de escape. Talvez por estar em uma fase tão maravilhosa da minha vida que não teria o que desabafar ou reclamar. Mas quem disse que eu só posso escrever quando eu tô down? Isso tava muito errado. Sendo assim, voltei. Mil histórias pra contar, mil desventuras, mil conquistas, mil amigos novos, mil planos. (Exagero é meu nome, prazer.)

Esse post é você, Denyse, voltei e agora pra ficar. =)